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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Querer

Quero a verdade do teu corpo
Nada mais
O gosto do beijo que ainda não provei
E que esperar não me apraz
Quero o cheiro de tua boca
Num encontro descabido
(proibido)
Que areia movediça sub traem
Nós de marinheiro que a vida teima em desatar
Quero a retina de tua alma
Em gestos e contornos
Suaves
Delicados como o pôr-do-sol
Uma silueta
Em meio a pouca luz que sobra
Quero o gosto do teu sexo
Roçar tua nuca
Enfim pousar a mão no teu seio
Meio que em devaneios
Estrofe de uma longa canção
Sacanagens sussurradas em teu cangote
Que eu colha tua seiva em meu peito
Dilacerado desejo
Numa noite de lua
Uma esquina qualquer.

Rio da Prata

Teta de nega

O riso do teu corpo
é melado
assim como a voz dos teus
olhos
salgados
doce como a teta da nega
dos dentinhos
muitíssimos brancos
como açucar.
gosto de sereia
serpenteia
encanta

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Dando descarga...

Despejando palavras em determinadas situações o mundo me corrói menos.
Escrevendo, esqueço um pouco a aspereza do cotidiano sufocante, isso deturpa um pouco menos minha visão e consigo apenas respirar um pouco mais sossegado.
Ainda há esperança, o sol ainda brilha nos cotidianos ásperos e indeléveis que por vezes nos são mostrados.
Ontem foi um, mas ele será apenas indelével no dia de ontem, se possível, hoje não mais.
Ainda quero poder ter o sabor e o prazer de poder beber minhas lágrimas salgadas, sentir o meu gosto e não o gosto da tristeza. Tristeza não se resume em lágrimas, se fosse isso seria muito bom.
Também não quero saber da tristeza, ela é persistente, sempre nos provoca e seduz.Por vezes é melancólica e até serena, delicada.
Em outras é uma tempestade violenta e, e, e, ..., não quero falar disso,não sei escrever sobre isto, quando se sente algo como o que nós todos às vezes sentimos é suficiente.
Não vou escrever sobre isso nem usar adjetivos para definir isto, sabemos como é.
Como disse no começo apenas escrevo pare despejar um pouco daquilo que estou sentindo, aliviar a alma faz sorrir o coração.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O silêncio dos vendedores de sorvete...

Ainda sobre o silêncio....

Ainda sobre o silêncio, um post que está lá em baixo mas na verdade foi a última coisa publicada.
Lendo Agualusa me apareceu este texto que segue:

O silêncio dos jogadores de xadrez

01. O silêncio que precede as emboscadas;
02. O silêncio da instante do pênalti;
03. O silêncio de uma marcha funebre;
04. O silêncio dos girassóis;
05. O silêncio de Deus depois dos massacres;
06. O silêncio de uma baleia agonizando na praia;
07. O silêncio das manhãs de domingo numa pequena aldeia no intrerior do Alentejo;
08. O silêncio da picareta que matou Trotsky;
09. O silêncio das noivas antes do sim;

Agualusa, José Eduardo
As mulheres de meu pai
Ed Língua Geral 2007
(coleção ponta de lança)

Pois bem a intenção deste post é continuar o texto do nosso amigo angoloano, isso mesmo vamos nos apropriar dele e continuar, deixe seu comentário, continue o texto você também.

10. O silêncio dos interiores das igrejas nos dias de semana;
11. O silêncio da espera;

quarta-feira, 25 de março de 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

Umbigo do universo

Na roda gigante da vida,
vou ao contrário
Corrente em elos,
Paralelos,
"greenwiches",
meridianos
Tique-taques
em sentidos anti - horário
Sempre ao avesso,
Travessos palhaços,
paralelepípedos,
Esquadrilham imagens
Em métricas desordenadas
Pierrot´s sem maquiagem
Pessoas;
Os caracóis de egoísmo,
Giram o tempo todo.
Em torno de sí mesmas.

quinta-feira, 19 de março de 2009

sábado, 7 de fevereiro de 2009

08:00PM


Cais do porto
Soa apito
Navio incontinente
Longe, muito longe
Rasgando mares
A faca afiada remoi entranhas
Pessoas passam
E o cheiro crepitante
podre em carne,
Arrefece a alma
Num estado pérfido e
volátil.
O vento assovia
e casualmente
explosão de melodias
interpelam meus sentidos
olho e não sinto o que vejo
às seis e meia da manhã.
Cabelos soltos
e o cheiro do tempo.
À beira do cais
um simples homem
contempla a vida
que pulsa e grita ao seu redor
em sabores de sais e pimenta .
A boca seca por um cálice de vinho
ou quem sabe um martelo de paraty.
Lágrimas de suor
e sangue banham sua face
num distante prazer egocêntrico.
Olhar sem nada sentir
ver sem nada enxergar.
Defronte deste mesmo homem
a vida pára.
Leve sorriso floresce d'alma.


Morri, às oito horas da manhã
sentado na praia
vendo a vida passar.

Silêncio, é um bom remédio...

Hoje acordei com necessidade de silêncio, o dia não está cinza nem chuvoso, está lindo e o sol racha cabeças por aí afora. Mas a minha necessidade é diferente, acho que no fundo estou envelhecendo, e neste caso o silencio pode ser lido como simplificar também,olhar as coisas ao meu redor ou quem sabe,simplesmente falar mais baixo.
Esta necessidade pode estar me incomodando há um bom tempo, tenho essa sensação, necessidade de estar em contato com todos os barulhos do slilêncio.
Agora apenas escuto as teclas baterem forte e com uma certa rapidez,misturado a isso tudo um passarinho grita bem atrás do meu ouvido, a ventuinha do comportador gira de forma redundante, a empregada esfrega alguma coisa bem lá no fundo.
Estou só,estou em silêncio,pelo menos neste momento e isto me faz bem.
Me faz bem em saber que já passei dos trinta faz um bocado de tempo e que estou mais perto dos quarenta.
Um dia desses um colega do trabalho comentou que eu dou muito na cara que tenho mais de trinta, sorri para ele e disse que não tinha como evitar, está em mim, faz parte de mim.
Mas vamos voltar a falar de silêncio, da necessidade de estar em comunhão com o silêncio, não basta o silêncio estar à sua volta, a parte mais difícil é nós mesmos estarmos em silêncio.
Uma das causas desta instabilidade e agitação exageradas, é a convivênvia com a metropole e seus sons alucinates.É heavy metal viver na sociedade urbana de hoje em dia, seu corpo nunca está em contato com o silêncio, seja ele qual for , ao seu redor ou o silêncio interior.
Mas quando ele acontece, é muito bom, é um êxtase, um encontro consigo mesmo, isso não tem nada a ver com religião ou religiosidade, tem a ver com bem estar, com a suas energias e suas sensações estarem balanceadas, te proporcionando um bem estar inconfundível.
Resumindo, tente encontrar o seu silêncio, tente expandir o seu silêncio de encontro ao silêncio do ambiente, tente e verá o bem que isso faz.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Escalpe

Esclapelo a úlcera
que me devora os transtornos
e desço a colina


Qual cheiro de azaléias
transformadas pelo vento
em crostas de areia e sal


Trôpego
carrego o mundo em cacos
mosaico de caminhos amotinados



Traçados pelo som
exalados em silêncio.

Para Johnny!


Sabe esses dias em que o olho abre e funciona exatamente como se fosse um desses interruptores que você aperta milhares de vezes durante sua vida, um único movimento e tudo se acende.
Bem foi exatamente isso que me aconteceu numa manhã de frio.
Estava exultante quando ainda sonolento percebi que ele tinha chegado, como gosto de dias frios e ensolarados, e esse prometia.
Mas também descobri e da pior maneira possível que no inverno, as coisas doem diferente, senti isso ao me levantar e travar feito um reumático.
Um sonoro puta que pariu me saiu da alma sem que voz nenhuma me saísse pelas traquéias, doía, como doía .
Sai capengando em busca de alguma coisa que parasse aquela maldita dor, praguejando contra o maldito colchão que tinha sido herdado hà pouco de minha querida mãe.
_ Deve ser por isso que meu pai não dormia com ela, pensei me contendo, com o mal pensado sem me conter.
Sentei para tomar um café bem quentinho e sentir meu corpo aquecendo ao sol naquela manhã de quase inverno.Estava tudo muito calmo, coisa rara, minha pequena dormia e Johnny, o trovão, estava calmo em seu quarto, calmo mas acordado. Jhony também era uma herança, a mais preciosa de todas, deixado pela minha sogra.
Na minha vida em um determinado tempo as pessoas que mais amei se foram como em uma tempestade, uma após a outra em um curto espaço de tempo e a última a partir foi Helena, a mulher das batalhas.
Sogra pra prestar é uma em seis milhões, então podemos dizer que ganhei na loteria.Mas seguindo o rumo da prosa, estava tomando meu café como já disse, sentindo ele descer lentamente, goela abaixo, esquentando meu corpo quando ouço os passos vindo em direção à cozinha.
Ele sempre fala alto, mas quando está excitado o volume é maior ainda e ele estava naquela manhã e como estava.
_ O Bá, na bunda não eu não gosto de tomar na bunda não !!!!
_ Mas porquê João, na bunda dói?
_ Na bunda eu não vou tomar não, já vou avisando!!!!
Sorri largamente, eu adorava quando ele estava sorrindo desta forma, teve uma vida dura, cercado de mulheres duras e valentes.Criado numa mistura de laço e pão de mel,estava ali descabelado com um cigarro na mão dizendo em claro e bom tom que não ia tomar na bunda.
A moça que trabalha em casa começou a rir deixando ele mais bravo ainda.Não aguentei e ri também me esquecendo por completos das costas reumáticas e do maldito colchão, que a minha mãe me perdoe.
“Na bunda eu não vou tomar “, ele repetia como se fosse uma criança, mas já tinha seus sessenta anos e no limite da sua deficiência, conseguia ser muito mais genial que qualquer um de nós que juramos ser normais, quando nunca somos e jamais vamos ser.
Não aguentei e cinicamente soltei:
_ Olha João eu muitas vezes prefiro tomar na bunda, até acho que dói menos tomar na bunda.
_ ÔÔ, para de me sacanear! Disse ele em um sorriso maroto.
_ Faz o seguinte então, chega pro médico e fala que se ele quiser, ele que tome na bunda, que você não gosta de tomar na bunda mas se ele gostar, o problema é dele.
_Pelo amor de Deus!!!Disse a moça que cuida dele,assustada com tanta bobagem.
_Olha que eu falo hein disse rindo mais uma vez
_Então fala, mande ele tomar na bunda !!!
Rimos mais um pouco e fui até a varanda. João e a empregada saíram e fiquei olhando os dois descendo a ladeira em seus passos lentos e ritmados.Olhei para aquele homem de sessenta anos e vi um menino, uma criatura abençoada que veio em minha vida me trazer um pouco de felicidade, mesmo eu não acreditando nela.
Subi e terminei meu café, momentos depois a empregada, Vanusa é o nome dela, me liga dizendo que não estava tendo a campanha de vacinação, e sim uma campanha de preservação dos dentes.
Pensei e disse pra ela antes de deligar o telefone:
_Já que ele não vai tomar na bunda , manda ele tomar na boca mesmo tá!!! e desliguei o telefone rindo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

All star

Minha vida nunca foi um All Star

Mais pra conga,

Às vezes bamba

Azul de ponta branca.

All Star in the sky

And red guys in the space .

Strange people around me

Minha vida nunca foi um All Star

Sempre na corda bamba

De conga

na ponta a lãmina, a cara, a coragem.

Minha vida nunca foi um All Star

Mais pra uma viela escura

e sorrisos em floco de ácido.

Perpétua lágrima de sal

Queimando a carne

Ferindo o sangue

que brota gelo e cristal.

Minha vida nunca foi um All Star

E se foi, não a vi passar .

Era um simples passageiro

Sem rosto

Sem face

Sem destino.

Na corda bamba

De conga

No Congo.





Acabo de chegar do trabalho, o sentido ainda é acelerado, intenso, é uma sensação de o corpo estar em um ritmo totalmente inverso de sua mente.Até chegar o equilíbrio vai tempo.
Começo a dar a cara para este espaço hoje, ainda nem sei mexer, colocar as coisas, prometo que em breve vão ter poesia contos e tudo aquilo que conseguir publicar.
Espero que gostem, esta é na verdade uma tentativa de produção, um exercício, uma descompromissada brincadeira.
Sejam bem vindos!!!!!