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segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Quero o sopro do silêncio que arde em fogo
Que separa a alma da carne
E arde em desejo esparramando - se...
Em gotas que contam os minutos a se esperar
Da janela, vejo ela passando,  caminhar serelepe
Da menina que virou mulher
Os cabelos longos e negros
Escondem o dragão
Com os olhos ela cospe fogo
Por todos os olhares que distribui
Com a boca me seduz apenas com sorrisos
Os seios olham para o céu (e eu pra eles)
Todos os dias, de minha janela
Esperando como uma criança
Para ver
A menina que se veste de puta em segredo

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Antes de chegar



O avião mal tinha pousado em Amsterdam e eu só pensava em fumar, depois de um voo relativamente calmo estávamos finalmente pousando em Shiphol e de lá pegaria ainda mais um voo para finalmente desembarcar em Dublin, meu destino final e minha nova cidade. Não sabia de nada e achava que falava inglês, estava entrando em uma fase completamente diferente da minha vida e não tinha a menor idéia do que poderia acontecer, quais seriam os rumos que ela iria tomar e o que daria no fim de tudo isso, mas algo estava me chamando, algo estava me impulsionando para aquele lugar, tinha acabado com um casamento de quinze anos para poder estar ali, e quando estava quase lá ainda não sabia exatamente o que queria e o que realmente tinha motivado a tomar esta decisão tão brusca na minha vida. Sabia apenas que estava sozinho e largado no mundo, literalmente largado do outro lado do oceano. Desembarquei e em meu parco inglês peguei algumas informações sobre minha conexão e bora fumar um cigarro, fácil de achar, quem já esteve no principal aeroporto da Holanda e fuma conhece aquela salinha, um minúsculo corredor lotado e esfumaçado e quando se entra naquela salinha ou corredor, seja lá o que for, se tem a impressão de estar em uma nuvem de alcatrão e nicotina. Fumei um, dois, três cigarros e dois cafés, sai alucinado procurando meu voo e foi aí que fodeu! Quando percebi o tamanho do aeroporto e onde eu ia ter que chegar para pegar meu avião senti que a situação estava por um fio, ia ser impossível seja andando ou correndo, já comecei a pensar na quantidade de problemas e dinheiro jogado fora por causa de três cigarros e dois cafés. Foi quando vi o gordinho com cara de ovelha no carrinho elétrico, corri em sua direção e mostrei minha passagem e uma cara de bunda que é impossível de se descrever em palavras, ele simplesmente riu e disse num inglês arrastado de sotaque holandês "Let's go man fast!", não entendi nada e fiquei olhando para ele com a mesma cara de bunda e foi aí que percebi que estava ferrado e muito, muito atrasado. Ele desceu do carrinho e jogou minha mala e foi me empurrando para o carrinho dizendo "Go man, let's go!", saiu desordenado pelo meio do aeroporto gritando em alto e bom holandês para as pessoas saírem da frente e pé na tábua, pelos alto falantes ouvia minha última chamada para o voo que estava quase perdendo. Alguns minutos se passaram e pude enfim ver o meu portão de embarque, desci do carrinho apressado, mas não sem antes deixar uma nota de euros, vintão para ser mais exato na mão do gordinho, o anjo da guarda que me salvou de ficar perdido antes de chegar, o que para mim, não seria nada anormal.